É assim a nossa vida, a vida dos tempos modernos do relógio digital.
Todos os dias temos o mesmo ritual, e a nossa vida apenas foge da monotonia quando temos a sorte de alterar o pré-definido.
Mas a cada dia que passa é mais difícil, somos mais requisitados para cumprir horários e somos apenas mais uma peça da engrenagem.
A individualidade própria da nossa existência deixou de existir, quando passamos a depender dos outros e por inerência passamos a ser parte do ciclo.
Certamente também teremos situações em que nos sentimos bem em respeitar essa monotonia, em ser útil a quem precisa de nós.
Saudades do tempo em que ouvia da minha Mãe a tão conhecida pergunta, “a que horas vens?” a resposta era sempre uma de duas, cedo (até às 4 da manhã) e não sei a que horas volto (depois das quatro). Essa inocência de horários já não é possível hoje em dia.
Hoje os compromissos são contabilizados ao segundo, tal qual intervenções políticas com o fim de coincidir com o horário do telejornal.
Hoje temos a vida cronometrada, somos escravos da nossa própria sombra e esperamos sempre que a rotina não se altere.
Ousarei algum dia quebrar a rotina e chegar atrasado, ousarei um dia fazer o meu próprio horário?
De quem depende a ousadia necessária? Não apenas de mim infelizmente!
Mas que bom seria ter como relógio o Sol, ou mesmo o cantar do galo.